Para evitar o colapso no SUS e o desmonte da saúde pública: temos de ir à luta!

por Zerasthro e Ian Felippe

Começamos 2021 com um novo pico de contágio e salto nas internações e mortes por Covid-19. A população trabalhadora segue abandonada à sua própria sorte por Bolsonaro, Dória e demais governantes, que nem sequer garantiram a compra de vacinas, que tem sido aplicada a conta gotas e não chegam nem perto dos ideais 500 mil vacinados por dia (isso para que toda a população seja vacinada até o fim do ano). Além disso, estão cortando investimentos na saúde, congelaram em 15 anos os salários dos servidores públicos e fecharam alas inteiras de hospitais (como o Hospital Geral do Pirajuçara, de Taboão da Serra, e o Hospital Geral de Itapecerica, de Itapecerica da Serra), causando o colapso do SUS em várias cidades em todo o país, como vimos na última semana no próprio município de Taboão, região metropolitana de São Paulo, onde 11 pessoas morreram na fila esperando por leitos de UTI.

Não à toa, cresce a indignação de usuários e profissionais da saúde nos Hospitais e Unidades de Saúde Ambulatoriais por todo o país, expondo a fragilidade típica de um cenário que vem sendo explorado por grupos e empresas de segmentos diversos e com um único denominador em comum: as práticas escusas que subverteram o Sistema Único de Saúde a uma “franquia de faixada pública” que exaure os recursos humanos, econômicos e públicos, impelindo a população carente e trabalhadora a um comportamento que visa legitimar e consolidar o processo de destruição dos serviços públicos.  As atrações por serviços por agendamento on-line e as Empresas “Sem Fins Lucrativos” são o mercado de exploração da política genocida que infecta e mata as vitimas de países subjugados pela ignorância e pobreza, como acontece no Brasil.

De maneira autoritária e sumária, em meio ao pior momento da pandemia de um vírus ainda pouco conhecido que já vitimou mais de 64 mil pessoas e infectou mais de 2 milhões só no Estado de São Paulo, por exemplo, o prefeito da capital Bruno Covas e o governador João Dória (ambos do PSDB) tem se aproveitado da situação para avançar com seu plano privatista de vender e entregar o patrimônio e a saúde pública.

São diversos Hospitais Municipais e Estaduais, UPAs e UBSs, além de outros serviços públicos, que estão na mira da política neoliberal de terceirização/privatização. Só para se ter uma ideia do caos causado pela política do governo, no início de Fevereiro, Dória anunciou medidas restritivas em 6 Hospitais da região metropolitana da Grande São Paulo. Essa decisão do governo tem lotado as unidades de pronto atendimento (UPAs) e as unidades de assistência médica ambulatorial (AMAs) da capital paulista, sobrecarregando o atendimento aos usuários e aos profissionais da saúde, que já são poucos e recebem pouco pelo trabalho que prestam à população.

Nós do GOI já denunciamos inúmeras vezes em nosso blog exemplos de sucateamento e terceirização dos serviços públicos na capital paulista. Em 2019, publicamos um texto sobre a situação do SAMU (“Contra o desmonte do SAMU!”), que se encontrava naquele momento numa difícil luta contra o fechamento de 31 bases e a transferência das ambulâncias para outras unidades de saúde. Essa decisão de Covas piorou ainda mais o serviço do SAMU, proporcionando um desgaste no atendimento das ambulâncias e dos trabalhadores, aumentando a demora no atendimento de ocorrências pela cidade.

No início da pandemia, divulgamos também outro artigo sobre a situação da UBS Vila Praia, na periferia do Campo Limpo, que vive um processo de sucateamento e terceirização, tendo como fim a transferência de sua administração para uma OSS vinculada ao Hospital Albert Einstein, a mesma instituição privada que buscou se apossar do Hospital Campo Limpo, em meados de 2020. A situação no Hospital Campo Limpo só não foi pior, pois houve uma importante luta da população e dos servidores públicos para evitar esta tragédia.

Essa relação promíscua dos governos com Organizações Sociais não para por aí. Desde o final de 2020, temos feito parte de um movimento em defesa do SUS e da UBS Santa Cecília, local de referência no atendimento de pessoas trans no centro da capital.  Recentemente, a UBS passou a ser vinculada ao IABAS, organização social que está até o pescoço metida em escândalos de corrupção em Hospitais de Campanha no Rio de Janeiro e desvio de verbas públicas. Ao assumir a unidade, a empresa fez um verdadeiro desmonte no serviço de atendimento, sobretudo nos programa de hormonoterapia, que atendia cerca de 900 pessoas trans. Aliás, esse desmonte das UBS e locais de atendimento da saúde pública é a outra face da discriminação e da violência preconceituosa contra a população LGBTTQIA+ pobre e trabalhadora.

Neste contexto de mortes e de precarização dos serviços públicos, nossas esperanças vem justamente da mobilização e luta dos setores conscientes da população e do funcionalismo, que tem resistido como podem aos ataques promovidos pelos governos e instituições privadas que visam lucrar com o serviço público de saúde. Embora ainda bastante isoladas, as mobilizações e greves (como as feitas pelos residentes do Hospital São Paulo contra a falta de materiais e medicamentos em Fevereiro deste ano, a greve dos médicos da rede municipal de Osasco contra o não pagamento dos seus salários e as mobilizações contra o fechamento das alas dos Hospitais Gerais da região metropolitana) tem sido um sopro de resistência bastante importante, que nos mostra que o caminho para enfrentar o desmonte do SUS e da saúde pública, o colapso na saúde diante do aumento de casos e mortes pela Covid-19, por condições de trabalho e salários dignos e pela vacinação de toda a população só pode ser concretizado através de nossas lutas. Que mais exemplos como estes surjam por todo o país e que a unidade da nossa classe seja construída através destas lutas!

Leia outros artigos e denúncias relacionados a saúde pública em nosso blog:

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