GOI – Palavra Operária

por Ian Felippe

Na última sexta feira (22/05), pude assistir a um debate virtual bastante interessante e importante do meu companheiro de luta, e hoje amigo, José Antonio, quem conheci na greve e mobilização dos servidores públicos municipais de São Paulo contra o Sampaprev (a “reforma” da previdência de Bruna Covas). Fizemos juntos parte do Comitê de Luta da Zona Sul durante aquele momento, mas desde então, não perdemos mais o contato. Fiquei bastante estarrecido com os relatos que ouvi, pois desde o período da greve José nos contava sobre a situação vivida por ele, seus colegas e a população que utiliza a UBS Vila Praia, no Campo Limpo, unidade na qual enfrenta na pele o desmonte da saúde pública ao longo das mais diversas gestões que passaram pela prefeitura de São Paulo.

Desde o teto caindo aos pedaços, colocando em riscos os profissionais, a população (na maioria idos@s), aos alagamentos constantes em dias de chuva forte aqui em São Paulo, que geralmente acabam por estragar inúmeros medicamentos distribuídos gratuitamente aos pacientes, além da falta de profissionais para atender as necessidades básicas da população na região.

Na live que ele fez junto com Douglas Cardozo, que também é profissional da Saúde da zona sul, para o “Diálogos de Enfermagem”, soubemos que a prefeitura de São Paulo, a mando de Bruno Covas (PSDB), estaria fechando a unidade em plena pandemia de Covid-19 para reforma-la e depois entrega-la de mão beijada a uma Organização Social vinculada ao Hospital Albert Eistein. As alegações dos governos são sempre as mesmas: o serviço público gera altos custos para os cofres públicos e por isso a privatização é a melhor solução. Uma falácia! Se é assim, então, porque a prefeitura utilizará dinheiro público para reformar a unidade Vila Praia e entrega-la depois para uma instituição privada administrar? Porque o Albert Einstein então não arca com estes custos?

Essa relação promíscua dos governos e instituições privadas, que lucram com a mercantilização dos serviços públicos, é a forma mais vil da corrupção enraizada nesta sociedade capitalista, que coloca os interesses de poucos sobre o conjunto da maioria da população e pessoas mais pobres das periferias, como é o que vemos na UBS Vila Praia, que é utilizada não pelos grandes empresários e políticos de São Paulo, mas pela população humilde e trabalhadora das periferias.

Por isso, são extremamente importantes os alertas que José, alguém que está na linha de frente, fez na live. Por conhecer e compactuar com sua luta em defesa da saúde e todos os serviços públicos, nós do GOI nos solidarizamos com os profissionais da UBS Vila Praia, que estão sendo remanejados para outras unidades que enfrentam os mesmos problemas por ele relatados, inclusive correndo mais riscos agora, pois terão de deixar de trabalhar em locais próximos onde moram para serem obrigados a utilizar os transportes públicos lotados, se expondo ainda mais ao vírus, algo que já é recorrente devido, sobretudo, a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) nas unidades e pela falta de orientação em como agir nos locais de trabalho. Como relatou José, pacientes chegam na unidade com diagnóstico da Covid e os profissionais só descobrem depois de os mesmos já terem percorrido por toda a unidade atrás de auxílio ou aguardando atendimento. Solidarizamos-nos também com a população que utiliza a unidade, que agora terá de ser obrigada a se aglomerar em outras unidades da região para buscar auxilio e ajuda médica durante a pandemia.

Por fim, nos somamos ao chamado de José em lutar e se organizar para enfrentar os ataques que estamos sofrendo do conjunto dos governos e patrões, que jogam sua incompetência e crise sob os ombros de nossa classe, fazendo com que nossas vidas sejam ainda mais miseráveis.

Em defesa da UBS Vila Praia e de todas as unidades públicas de atendimento aos trabalhadores e trabalhadoras! Pela valorização dos profissionais da saúde e do serviço público! Não às privatizações! Unidade de toda a classe trabalhadora para lutar e enfrentar os ataques aos nossos direitos, salários e nossas vidas!