Durante o 4º ato Pela Liberdade dos Inocentes, que aconteceu na sexta feira, 4/12, o Palavra Operária teve a oportunidade de conversar com Simone, agente de saúde e mãe do Alexssandro, um dos quatro jovens presos injustamente pelo Estado por um crime que não cometeu.
Alexssandro, Kelvim e Erick foram presos no dia 18/11 sob falsa alegação e sem provas de envolvimento com um crime de interceptação de carga na região do Parque do Engenho, no Capão Redondo. Os três estavam dentro da EMEF Professora Iracema Marques da Silveira, quando ouviram tiros e saíram correndo para se esconder. Além deles, o jovem especial Rafael, filho de Silvana (que aparecerá na entrevista com Simone), também foi preso e solto após 3 dias.
Silvana revelou que seu filho ficou sem tomar seus medicamentos durante os três dias que ficou na delegacia, que era chamado de “doidinho” pelos policiais e que agora está em prisão domiciliar, devido a sua condição de saúde mental, tendo pesadelos com o ocorrido. Ela também está na luta por justiça e denunciando a ação dos PMs e a prisão forjada dos jovens.
“A gente pede que alguém ajude com perícia. Perito pra fazer o local. Por que se nós conseguimos ver alguma coisa, por que a polícia não vem ver? A polícia é só pra prender?”, indagou Silvana durante nossa conversa com ela e a dona Simone.
Na conversa com elas, dona Simone relatou em detalhes o que ocorreu no dia 18/11, as contradições da acusação feita contra Alexssandro, Kelvim, Erick e Rafael, e também revelou outra face oculta das prisões forjadas que afeta a vida das famílias, que acabam se tornando vítimas invisíveis da arbitrariedade e da injustiça do Estado.
“Eles estavam na hora errada, no lugar errado. Por isso que jogaram tudo em cima deles, tendeu? Eles pensaram que a gente não ia atrás. Que eles não tinham pai nem mãe, que a gente não ia atrás de provas. Só que a gente foi! Atrás das provas. E as provas mostram que não tem nada a ver aí. Mostram quem fez e os autores, e um dos autores que foi preso no dia falou que os meninos não tinha nada a ver. A vítima também falou que não reconhecia os meninos, só reconheceu um, que já havia assumido, e mesmo assim mantiveram a prisão”, contou Simone.
Além disso, ela revelou que nunca tinha ido numa delegacia e não sabia como agir. Que só conseguiu falar com os policiais no dia do ocorrido e não teve mais informações do filho. Isso tudo só demonstra como os direitos da classe trabalhadora são feridos cotidianamente e que se não lutarmos para exigir nossos direitos, o Estado nada fará por nós. Simone, como mãe, tem direito de saber como está seu filho!
Simone também desabafou contanto sobre a situação da família desde a prisão de Alexssandro. Seu marido, Alexandre, que está de férias (um momento que deveria ser de lazer e descanso com a família) “está de calmante agora, perdeu 5 quilos nestes 16 dias, não dorme e eu também tento me esforçar por que estou trabalhando. Não posso ficar sem trabalhar”. O pequeno Samuel, irmão de Alexssandro, tem participado das manifestações e também questiona “cadê o meu irmão?”.
Na imagem abaixo, seu Alexandre (pai do Alexssandro e do pequeno Samuel) e seu Wilson (pai do Kelvim) seguram faixa exigindo justiça pelos inocentes. Mesmo visivelmente abalados, eles não desistem de lutar por justiça por seus filhos.

Queremos saudar aqui a força destas famílias e o exemplo que estão dando de luta e resistência para seguirmos enfrentando a injustiça, o preconceito, as arbitrariedades e a repressão da PM e do Estado contra nossos jovens na periferia. Saudamos, sobretudo, as mães dos meninos pela coragem em denunciar as prisões forjadas e revelar a dura realidade das famílias, completamente invisibilizadas pelos órgãos competentes que nada tem feito para dar fim a mais este caso de injustiça contra filhos de trabalhadores e trabalhadoras.
Seguiremos nos solidarizando com estas famílias, denunciando o caso, nas ruas e na luta por uma ampla campanha até que Alexssandro, Kelvim e Erick sejam libertos e que Rafael tenha as acusações retiradas de seu nome!
LIBERDADE PARA OS INOCENTES JÁ! BASTA DE PRISÕES FORJADAS!
TODA SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS!
Veja a entrevista completa com a dona Simone e a participação da dona Silvana no link abaixo.
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Um comentário em “Entrevista: prisões forjadas e a luta das famílias por justiça!”