
A Justiça do Rio de Janeiro, novamente em conluio com o governo Witzel e Crivella, mostra de que lado está ao emitir um mandado de reintegração de posse para a CasaNem a ser executado na manhã desta segunda, 27/7, na ocupação Stonewall Inn-CasaNem, localizada num prédio em Copacabana, em meio a pandemia de Coronavirus que já dizimou a vida de 12.808 pessoas no Estado do Rio de Janeiro. São cerca de 60 pessoas que podem ficar sem ter onde dormir!
O prédio onde fica a ocupação estava abandonado há mais de 10 anos e em julho de 2019 foi ocupado por um grupo de LGBTTQIAs sem teto, em sua maioria travestis, transexuais e transgêneros em situação de vulnerabilidade social. O nome dado a ocupação é uma homenagem a Revolta das LGBTTQIAs dos Estados Unidos que em 28 de Junho de 1969 se rebelaram contra a repressão e opressão policial em frente ao bar Stonewall Inn. No local da ocupação, na época, foi encontrado um grande e milionário acervo de arte pelas ocupantes, inclusive uma múmia, que foram entregues ao IPHAN e ao Museu Nacional, qual havia perdido grande parte de seu acervo no incêndio de Setembro de 2018.
No local, diversas atividades culturais são feitas, com a intenção de fortalecer a ocupação e a cultura das LGBTTQIAs, marginalizadas nos espaços de cultura e arte dominados pelo preconceito contra essas pessoas. O acolhimento, principalmente de pessoas trans e travestis, é muito importante para tirá-las da situação de vulnerabilidade e violência transfóbicas a que estão submetidas nas ruas. O Brasil continua sendo liderança no assassinato e violência contra essas pessoas, muitas abandonadas ou expulsas de casa por seus familiares.
A CasaNem, que é liderada pela transativista e prostituta Indianarae Siqueira, expulsa do PSOL em 2018, com acusações que ficaram marcadas pelo conteúdo preconceituoso e transfóbico, vem fazendo um trabalho social e de integração de pessoas marginalizadas extremamente importante. Durante a pandemia, numa parceria chamada “Máscaras do Bem”, realizada entre as integrantes das ocupações e mulheres da periferia da zona norte do Rio, elas produziram mais de 17 mil equipamentos de segurança que foram destinadas a projetos sociais e a pessoas em situação de rua e de vulnerabilidade social.
Durante a pandemia, estamos assistindo diversas reintegrações de posse desumanas e arbitrárias, como a que ocorreu recentemente na periferia da zona sul de São Paulo, no Morro Pullman, próximo ao metrô Vila das Belezas, em que a maioria dos moradores/as da ocupação eram imigrantes haitianos/as.
A crise econômica e sanitária vem aprofundando os ataques aos setores mais oprimidos e explorados da sociedade, intensificando a opressão racista, machista, xenófoba e LGBTTQIAfóbica. São milhares de homens, mulheres e crianças da classe trabalhadora que são jogadas a própria sorte, enquanto a burguesia pode ficar em isolamento nas suas mansões e manter seu slogan do “Fique em Casa 💓”, sem garantir a segurança dessas pessoas e seu direito a uma moradia.
Desde o GOI enviamos nossa solidariedade e apoio à Ocupação Stonewall Inn-Casa Nem contra a reintegração de posse arbitrária promovida pela justiça burguesa e o governo.
Muita gente sem casa. Muita casa sem gente. Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito! ✊🏽✊🏿✊🏻
2 comentários em “Não à reintegração de posse da Ocupação Stonewall Inn-CasaNem!”