EXCLUSÃO ESCOLAR E ENSINO REMOTO DURANTE A PANDEMIA

Reproduzimos, na íntegra, um dos artigos escritos pelo Coletivo “Vozes da Base”, aprovado em reunião ocorrida dia 11/06, na qual militantes do GOI fizeram parte e tiveram acordo.

O artigo abaixo, publicado originalmente no Facebook, é assinado por profissionais da Educação, professoras e professores, da rede Municipal de Ensino de São Paulo, que estão organizados no “Vozes da Base”, formado após a greve de servidoras e servidores municipais contra o Sampaprev (projeto de Reforma da Previdência de João Dória e Bruno Covas). A iniciativa e auto-organização dest@s profissionais da educação municipal pela base é fruto da inconsequência da direção do Sinpeem (sindicato da categoria), dirigida por Claudio Fonseca, que é também base de apoio do atual governo, em defender os interesses da categoria. Diante da burocratização dos espaços de debate no interior do sindicato, o Coletivo Vozes da Base vem buscando rearticular a categoria para retomar seu protagonismo no sindicato e também sobre a necessidade de debater permanentemente pela base os ataques sofridos pela Educação e profissionais da categoria.

“A gravidade deste momento de Pandemia exige que as políticas públicas atentem para o aumento das desigualdades sociais, que já são extremas em nosso país.

A defesa da qualidade da Educação e de sua universalidade, que vem pautando os debates e lutas, não pode ser relegado a segundo plano pelo ineditismo da situação.

O improviso do ensino remoto, classificado como “MELHOR DO QUE NADA”, para manter o vínculo entre alunos e estudo, compromete gravemente a qualidade do ensino, com o grave risco de encobrir as desigualdades de aprendizagem.

Considerar as horas de ensino remoto como horas letivas, sem apresentar alternativas para a superação das desigualdades e dos prejuízos de aprendizagens nesse processo, é omitir-se frente aos problemas reais, e jogá-los para baixo do tapete.

Outra preocupação são as singularidades da Educação de Jovens e Adultos – EJA -, composta por trabalhadores que sofrem com o desemprego e a precarização das relações de trabalho. Muitos buscam a EJA para capacitar-se para o mercado do trabalho produtivo. São portanto, camadas da população consideradas aptas ao trabalho, porém vítimas da conjuntura econômica e da crise do emprego.

A pergunta que fazemos É como fica o processo de ensino aprendizagem dos jovens e adultos, visto que o acesso a plataforma de EAD disponibilizada pelo Município conta com baixíssima adesão desses alunos? Como será resolvida a conclusão do Semestre Letivo para as etapas da EJA que estão finalizando o 8°ano? Reprovaremos os alunos que não acessaram a EAD ? Promoveremos todos por decreto? Haverá uma oportunidade de recuperação? São questões que precisam ser debatidas democraticamente por todos.

É preciso considerar que:
– a socialização e intervenção dos profissionais da educação nas escolas são insubstituíveis;
– muitos alunos e alunas não tem acesso às plataformas de ensino à distância;
– as famílias se sobrecarregam diante de tantas demandas novas;
– educadores se desdobram para aprender a usar as ferramentas digitais, garantir que as plataformas sejam alimentadas, ao mesmo tempo que lidam com mensagens de alunos que, em vulnerabilidade social, sofrem ainda mais frente ao agravamento da crise econômica e descaso do governo federal.

A Resolução n°05 do CNE (28/04/20) reconhece as desigualdades e as dificuldades de acesso ao ensino remoto, mas não apresenta propostas consistentes para superação, jogando para as redes de ensino estaduais e municipais tal responsabilidade. Aliás, aponta que é preciso impedir o aumento da retenção de alunos, adaptando as avaliações – em outras palavras, mascarando o fracasso do ensino remoto.

Como sempre, o enfrentamento à desigualdade de aprendizagem será repassada para as escolas, sem ampliação de recursos e sob as limitações do “Teto de Gastos”. Isso mostra a debilidade da política pública no enfrentamento do problema, pois nada propõe além de um fingimento de que o atendimento remoto está sendo qualitativo e equitativo, o que sabemos que não está.

Dessa forma, precisamos cobrar de quem foi designado para tomar essa tarefa para si: os Secretários de Educação pelo país precisam apresentar propostas e condições de trabalho que não sobrecarreguem ainda mais as escolas, e sim contribuam com o processo educativo de fato.

Os Secretários de Educação do Estado e do Município de São Paulo tem falado em reforço escolar no retorno às aulas para os alunos prejudicados pelo isolamento social.

Sabemos a complexidade desta medida em cada unidade escolar, uma vez que há falta de espaço físico, de profissionais, e os alunos tem dificuldade de comparecer fora do horário de aulas. O temor de que esta medida seja insuficiente é grande.

Há municípios declarando o fim do ano letivo, Todos pela Educação defende a ampliação do ano letivo de 2020 até 2021, há propostas, pautadas na concepção de ciclo de aprendizagem, que os planos de aulas de 2021 contemplem as defasagens de 2020.

São todas alternativas que precisam ser debatidas pelos profissionais de educação, e, com a participação de pais e alunos, também interessados nesse processo.”

Educação Pública Importa! Chega de Aceitar Migalhas!

2 comentários em “EXCLUSÃO ESCOLAR E ENSINO REMOTO DURANTE A PANDEMIA

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