Por Latoya
Nós, mulheres, mães das famílias da classe trabalhadora carregamos sobre nossos ombros o peso da exploração e da opressão à nossa classe pelos capitalistas.
A maior parte de nós trabalha em fábricas, supermercados, padarias, farmácias, serviços de saúde, telemarketing, correios, transportes coletivos, escolas, casas de família como diaristas, enfim, somos a maior parte da classe trabalhadora. A maioria de nós somos negras e moramos nas periferias. Em tempos de pandemia e crise econômica, junto com os homens da nossa classe, somos obrigadas a trabalhar sem proteção contra o Coronavírus, que tem vitimado muitas e muitos trabalhador@s, colegas de trabalho que adoecem e morrem. Somos obrigad@s a enfrentar a aglomeração nos transportes públicos e nos locais de trabalho porque os capitalistas não abrem mão dos seus lucros. Temos lutado contra as condições de trabalho que ameaçam nossa saúde e nossa vida, contra o desemprego crescente e a redução dos salários, impostas pelos patrões e seus governos. Na maioria das vezes sem os sindicatos, que nos abandonaram.
Mulheres mães e trabalhadoras temos também sobre nossos ombros a responsabilidade pelo trabalho doméstico gratuito, repetitivo, enfadonho, de lavar, passar, cozinhar, limpar, fazer compras, pagar as contas etc. A responsabilidade sem tamanho de cuidar das crianças, garantir sua alimentação, segurança, saúde e Educação (agora ainda com este caótico ensino a distância). E também a responsabilidade de cuidar dos idosos, nossos pais, tios, avós, e de tod@s que na família adoecem, e estarmos prontas para socorrer uma ou outra vizinha, amiga, que de nós necessita…
Temos, por fim, a difícil tarefa da divisão de todo este trabalho doméstico em nossas famílias. Os meninos seguem sendo educados pelo Estado e mídias burguesas para ignorarem o trabalho doméstico e se ocuparem de tarefas “mais elevadas” (vídeo game, brincadeiras de rua, jogos…). Os homens adultos se refugiam nos bares cuja droga do álcool (e outras) destrói a eles próprios e muitas famílias. Em tempos de crise econômica e pandemia mundial do Coronavírus estas tarefas aumentam, aumentando o peso sobre os nossos ombros na mesma proporção que cresce o medo, o pânico e a tristeza a cada dia da perda dos empregos, da perda da saúde, da perda das vidas.
A tudo isso acrescenta-se o aumento da violência machista, racista e lgbttfóbica nos locais de trabalho, nas ruas, nos transportes coletivos e no interior dos próprios lares. Violência física e psicológica, responsável por inúmeros problemas de saúde mental que somos obrigadas a enfrentar. O ataque fascista à corajosa manifestação das enfermeiras e enfermeiros em Brasília no 1º de Maio é um exemplo da violência que enfrentamos quando lutamos, alimentada cotidianamente por Bolsonaro e grupos de ultradireita e fascistas que o seguem. Queremos destacar aqui a organização e a luta incansável das Mães de Maio contra a violência policial que assassina seus/nossos filhos.
Neste momento em que os preços estão nas alturas, a burguesia e seus governos romantizam o “Dia das Mães”, buscando transformar a relação mães/filhas/filhos em mais uma data comercial para lucrar com as vendas das mercadorias.
Portanto precisamos denunciar a realidade que enfrentamos como mães trabalhadoras e lutar pelos direitos, pela vida, pelo futuro de nossas filhas e filhos e das próximas gerações.
Futuro que só é possível se colocarmos um fim à exploração, opressão e à destruição Capitalista e organizarmos a sociedade controlada e governada pela classe trabalhadora, sem patrões: a Sociedade Socialista!