Nota do GOI em apoio à greve da PM do Ceará

Crise no aparato repressivo do estado burguês

A greve dos policiais militares do Ceará se enfrenta com todas as instituições da ordem capitalista. Ao reivindicar aumento salarial, os praças (soldados, cabos e sargentos) se chocam contra a política econômica de arrocho do governo Bolsonaro e dos governos estaduais, incluído aí os governadores do PT e do PCdoB. Se choca também contra o alto comando da PM que fez de tudo para evitar a greve e agora usa das punições contra os praças para estrangulá-la (até agora 230 policiais foram afastados e 43 presos por participarem do movimento).

A polícia militar e o restante das forças armadas são a principal instituição do estado burguês e têm como função principal defender a propriedade privada.  A greve causa uma crise tremenda no aparato de repressão. Os soldados deixam de seguir as ordens dos oficiais, levando a uma crise na hierarquia da instituição. A ocupação dos quarteis coloca na ordem do dia a questão de quem manda nos quarteis: os oficiais ou os soldados.

A crise no aparato repressivo do estado já seria motivo suficiente para os trabalhadores conscientes e todos os que se dizem revolucionários a apoiarem de forma incondicional. Outro motivo importante para o apoio vem da necessidade do combate ao bolsonarismo nas forças de repressão. Não apoiar a greve deixa uma avenida aberta aos grupos bolsonaristas para aumentarem sua influência junto aos soldados de base e inclusive para tentarem se colocar à frente de suas justas lutas, como a greve atual no Ceará, buscando utilizá-las para seus objetivos políticos reacionários.

A greve leva os soldados a adotarem os métodos de luta da classe trabalhadora: cruzar os braços, fazer piquetes, ocupar os quarteis. Com isso uma ponte começa a se formar entre os soldados e o restante da classe trabalhadora. É preciso incentivar a formação desta ponte com o objetivo de aumentar a influência da classe trabalhadora entre os soldados e desta forma solapar a influência da burguesia e seus oficiais, principalmente os oficiais bolsonaristas.

Governador Camilo Santana (PT), capacho de Bolsonaro

Que o governador Camilo Santana, do PT, não seja um revolucionário ou um socialista não é segredo para ninguém. Mas os trabalhadores que votaram nele não poderiam adivinhar que este governador seria tão subserviente ao presidente Bolsonaro. Camilo Santana e seus aliados no governo do Ceará, o PCdoB e os “coronéis” Cid e Ciro Gomes, do PDT, seguindo as ordens de Bolsonaro e dos patrões, foram rápidos e eficientes em aprovar a reforma da previdência no Ceará, atacando os direitos do funcionalismo público do estado. Agora aplicam o projeto econômico de arrocho salarial orientado pelo governo Bolsonaro. Se o PT fosse um partido honestamente comprometido com a classe trabalhadora já teria expulsado este governador de suas fileiras.

A maioria da esquerda se une à burguesia para derrotar a greve

A maioria dos partidos e correntes de esquerda estão contra a greve da PM, formando uma verdadeira santa aliança com a burguesia para derrotar os praças rebelados do Ceará. Fazem isso em nome de uma suposta “defesa da democracia”.  Assim se posicionaram o PT, o PCdoB e o PCB. O PSOL e seus principais dirigentes como Guilherme Boulos, Marcelo Freixo e Ivan Valente até agora se calaram, ou seja, se mantém coniventes com a repressão aos praças grevistas. Que os reformistas, que são a maioria nestes partidos, assim ajam, não é novidade, pois eles temem qualquer questionamento sério às instituições do regime democrático burguês. O mais preocupante é que correntes que se autoproclamam revolucionárias estejam contra a greve, como o MRT/Esquerda Diário, ou adotem uma posição vacilante e seguidista da direção do PSOL, como a Resistência/Esquerda Online. Os socialistas que não sabem aproveitar as crises do aparato de repressão da burguesia são apenas revolucionários de palavras, pois capitulam aos reformistas e à burguesia nos momentos decisivos da luta de classes.

O PSTU e sua central a CSP-Conlutas se posicionaram corretamente a favor da greve, e também o POR do Ceará. Contudo, é preciso que os revolucionários apresentem, junto com o apoio incondicional às lutas dos praças, um programa de reivindicações transitórias para buscar elevar sua consciência de classe e disputar a direção destas lutas contra a direita bolsonarista e fascista.

Por um programa de reivindicações transitórias para os soldados

É preciso aproveitar todos os ensinamentos da história do movimento socialista em relação às forças armadas para construir um sistema de reivindicações transitórias em relação à mesma. O GOI entende que esse sistema deve conter as seguintes reivindicações, as quais queremos discutir com o conjunto dos praças e trabalhadores e trabalhadoras:

  • Pelo direito de sindicalização e de greve a todos os praças.
  • Incentivo a toda forma de organização para a luta de classe nos quartéis. Criação de comitês de soldados, cabos e sargentos, sem a participação de oficiais e do alto comando.
  • Nenhuma repressão policial às greves da classe trabalhadora e a qualquer movimento social em luta. Chamamos os soldados a se recusarem a cumprir as ordens de seus comandantes de reprimir as lutas da classe trabalhadora e o povo pobre das periferias.
  • Confraternização de todos os trabalhadores e trabalhadoras com os policiais em greve.

Todo apoio à greve dos praças da PM do Ceará! Nenhuma punição aos policias grevistas! Liberdade imediata dos praças presos e reintegração dos afastados! Fora a Força de Segurança Nacional! 

GOI – 27/2/2020

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