(Nota publicada pela CTR – Corrente de Trabalhador@s Revolucionári@s, da Argentina, em 27/12/2019)
Na Bolívia, a política imperialista de atacar a soberania dos povos e organizar golpes de Estado foi consumada para aprofundar a pilhagem de recursos naturais, minerais (lítio e gás) e impor uma derrota aos trabalhadores para avançar em mais exploração e precarização do trabalho. Tudo com o objetivo de gerar maiores lucros para as multinacionais e pagar a fraudulenta dívida externa ao FMI e capitais abutres. Assim como também liquidar a luta dos povos originários e camponeses.
Essa política teve a cumplicidade direta e prática da burguesia boliviana, principalmente da oligarquia de Santa Cruz de la Sierra, setores da classe média de La Paz, Cochabamba, Tarija, das Forças Armadas e policiais. Mas também de dirigentes da COB (Central Operária Boliviana), de seu secretário-geral, Juan Carlos Huarachi que, em coro com os golpistas, pedia ao presidente Evo Morales que renunciasse e chamasse novas eleições.
O novo governo golpista que se declara “democrático”, desde que se autoproclamou, desatou uma ofensiva repressiva contra o povo. Faz isso com a metodologia característica de uma ditadura com traços fascistas e nazistas, invadindo casas, torturando, assassinando, desaparecendo com pessoas, enfurecendo-se com as comunidades indígenas, mostrando seu caráter racista, xenofóbico, clerical e evangélico. Como há 500 anos, pretendem doutrinar culturas nativas através da Bíblia.
Os revolucionários socialistas não duvidamos em que trincheira estar: contra o golpismo, ao lado de todo o povo boliviano que está nas ruas lutando contra a repressão, contra esse novo governo assassino, racista e clerical. Nesse sentido, na Argentina, participamos da ação mundial na segunda-feira, 18 de Dezembro, contra o golpe e em apoio à luta do povo boliviano.
Os trabalhadores, os conselhos de bairro das diferentes cidades, as comunidades indígenas se unem em todo o território para derrotar o golpe e estão dispostos a não parar até que o consigam. Organizando barricadas, bloqueios de estradas e refinarias para que os militares não carreguem diesel. Convencendo os soldados a não atirar em suas mães, pais e irmãos.
Devemos cercar essa luta heróica com a maior unidade de ação solidária. Entendemos que o golpismo e seu governo devem ser derrotados nas ruas, com a solidariedade internacional, com a necessária ajuda política e material dos governos de Cuba e Venezuela, e de toda a América Latina, com a mobilização do povo dos Estados Unidos contra a política de Trump. Só a classe trabalhadora e os camponeses das comunidades da Bolívia podem julgar Evo Morales e o MAS.
Nesta unidade de ação global contra o golpismo está faltando a maior referência de muitos bolivianos, Evo Morales, que decidiu renunciar em nome de que não ocorra derramamento de sangue, ao invés de colocar-se à frente da resistência para enfrentar a direita golpista. Enquanto trabalhadores, camponeses e comunidades indígenas que confiam nele estão dando a vida contra essa ofensiva imperialista, militar, clerical e racista, desde o México, Evo insistiu com a paz. Uma paz que nesta situação beneficia apenas os golpistas e sua falsa “transição democrática” e desarma a resistência popular.
Entendemos que a única pacificação da Bolívia é sobre a base da derrota do golpe, aplicar julgamento e punição aos responsáveis militares e civis dessa política contrarrevolucionária, romper relações com os imperialistas e com a burguesia golpista. Acreditamos que as organizações hoje mobilizadas que garantem a batalha nas ruas contra o golpe são as únicas que podem levar a frente essas tarefas, a defesa de todas as conquistas democráticas, sociais, as nacionalizações, os direitos inalienáveis das comunidades indígenas é o objetivo principal. Queremos deixar explícito que não confiamos em Evo Morales e o responsabilizamos pelo crescimento da direita nazista-fascista no país, mas apesar disso respeitamos profundamente os desejos e crenças de nossos irmãos da Bolívia, e por isso estamos dispostos incondicionalmente:
- A lutar lado a lado com nossos irmãos bolivianos para derrubar a ditadura cívico-militar nazista chefiada por Jeanine Áñez, incentivada e apoiada pelo imperialismo ianque e seu instrumento, a OEA [Organização dos Estados Americanos].
- Exigimos que a COB e a cúpula do MAS rompam as negociações com os genocidas e chamem a continuar e organizar a resistência até liquidar os golpistas.
- Chamamos os soldados e policiais a desobedecerem as ordens criminosas dos superiores para reprimir seus irmãos, familiares, amigos e a se unirem à resistência popular.
- Chamamos a denunciar e sabotar as “eleições” fraudulentas com proibição, prisão, repressão do povo e dirigentes do MAS, organizações sociais, indígenas e sindicais.
- Pelo retorno, sem restrições, de Evo Morales e pela restituição de todo o Parlamento existente antes do golpe.
- Se houve ou não fraude, que sejam os trabalhadores, camponeses ee todas as Comunidades Indígenas que julguem Evo Morales e não os organismos colonialistas como a OEA.
- Não ao golpe racista criminoso dos empresários ricos liderados por Camacho-Áñez e respaldado pelo imperialismo ianque.
- Defesa incondicional de ter presidentes e governos representados pelas comunidades indígenas que são maioria absoluta.
- Fora a OEA e o imperialismo ianque da Bolívia!
- Exigimos que o governo argentino rompa relações diplomáticas com a ditadura cívico-militar de Áñez.
- Pela formação de Comitês de Solidariedade em toda a Argentina, com o apoio de organizações sociais e sindicatos contra o golpe na Bolívia.
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