Por K. C. Chan
No dia 29 de outubro aparecem novamente fortes indícios de envolvimento de Jair Bolsonaro com milicianos assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Longe da procura de evidências tão óbvias, sabemos a partir da composição social e política do bolsonarismo, e das já evidentes demonstrações públicas de ódio de classe contra ela e o conjunto da classe trabalhadora durante as últimas eleições, com a quebra da placa em homenagem a Marielle Franco e uma enxurrada de provocações de barbárie explícita, quais são as intenções políticas deste governo. Por que não desconfiarmos e exigirmos apuração e investigação? Por isso, é bastante significativa a preocupação dos familiares de Marielle Franco com relação a interferência do Ministro da “Injustiça” Sérgio Moro. Exigem que se distancie das investigações, que seria, na verdade, uma intervenção do bolsonarismo para garantir que nada se descubra e tudo seja novamente colocado no lugar comum da justiça burguesa, que é hoje nada mais nada menos que a defesa da ordem vigente dos ataques ao conjunto da classe trabalhadora e de impunidade aos detentores do poder. A presença de Carlos Bolsonaro no condomínio onde morava para resgatar gravações de áudios na portaria mostra muito bem a que ponto chegaram os desmandos do bolsonarismo.
Existe uma verdadeira aliança daqueles que colaboram com o projeto global de destruição dos direitos sociais, políticos e civis realizados pelo governo. Por isso, não podemos confiar no Congresso Nacional, quanto menos em governos estaduais, como é o caso do Governo do Rio de Janeiro, de Witzel, que patrocina a mesma política de abuso de autoridade e violência policial nas periferias contra a juventude e a classe trabalhadora.
Contra o atual estado de coisas precisamos criar um estado de luta política e de autodefesa da juventude e da classe trabalhadora. Por isso, os atos do dia 05 de novembro pela investigação e punição dos envolvidos no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes fazem parte das jornadas de levante e mobilização popular na América Latina pelo fim dos governos autoritários, neoliberais e do FMI, tendo sua forte expressão na situação revolucionária do Chile neste momento.
O Chile e sua revolução é o caminho que defendemos. Mas precisamos criar internacionalmente campanhas de ajuda material e política contra o golpe da extrema direita na Bolívia também. O governo de direita de Sebástian Piñera, no Chile, é responsável por crimes e assassinatos de vinte manifestantes e centenas de feridos. Na Bolívia, o golpe fascista liderado por Camacho persegue, queima casas e agride e assassina representantes eleitos e dirigentes dos movimentos sindicais e indígenas. A atual presidente autoproclamada da Bolívia Jeanine Añez já é responsável depois do golpe pela morte de cinco pessoas e centenas de feridos e presos que se manifestam na grande marcha dos povos indígenas.
Tanto Bolsonaro no Brasil, Sebástian Piñera no Chile e Camacho-Mesa-Jeanine Añez na Bolívia não querem sequer que governos reformistas de esquerda cheguem ao poder por eleições. Por isso, devemos nos preparar e nos organizar internacionalmente por campanhas e comitês de ajuda e autodefesa da classe trabalhadora, juventude, movimentos populares e povos indígenas. Quando um governo reformista de esquerda cai, além de aprendermos a dura lição de que não se deve confiar em alianças com as burguesias, os grandes patrões e o imperialismo, abre-se a urgência de construir uma grande frente latino americana da classe trabalhadora para lutar contra as burguesias nacionais e o imperialismo e avançar a revolução para um governo da classe trabalhadora sem burguesia e sem patrões. No Brasil, estamos aprendendo também com as duras lições do golpe judicial parlamentar de 2016 contra Dilma e de que não podemos esperar, nem mais um minuto, pelo fim do mandato de Bolsonaro, pois não queremos contar mais mortos e assassinatos da nossa classe e da nossa juventude.
FAÇAMOS JUSTIÇA PARA MARIELLE FRANCO, ANDERSON GOMES, MOA DO KATENDE E AS MILHARES DE TRABALHADORAS E TRABALHADORES QUE MORREM NAS MÃOS DOS GOVERNOS NEOLIBERAIS E AUTORITÁRIOS!!!
POR UM GOVERNO DA CLASSE TRABALHADORA, SEM PATRÕES!!!