No dia 11 de agosto passado nas prévias eleitorais argentinas (Paso) a maioria do povo trabalhador deu uma surra no governo Macri nas urnas. A esmagadora derrota que sofreu a Alianza Cambiemos foi o veredicto dos trabalhadores contra o plano de ajuste de Macri e do FMI, que em apenas quatro anos afundou o país na miséria com índices recordes de desemprego, pobreza e dívida externa.
A forte alta do dólar, imediatamente após as prévias, a escalada do risco país, e a queda das ações das empresas argentinas no exterior, demonstram que os “mercados” soltaram a mão do governo. Até o próprio FMI atrasou a sua visita ao país, recalculando sua estratégia diante do triunfo de Alberto Fernández. A crise política do governo se acelerou compulsivamente e a sua saída é iminente. Os anúncios de Macri e as mudanças no seu gabinete são manobras de advogado para chegar ao fim do seu mandato. O presidente já não tem autoridade para seguir governando. Cada declaração ou anúncio é questionado por empresários, governadores e sindicatos. Tornou-se um cadáver político que perdeu toda legitimidade. Porém, a sua incapacidade para seguir governando pode continuar causando muitos danos ao bolso dos trabalhadores e afundar ainda mais o país na ruína. O povo já decidiu. Não podemos esperar mais!!
Por tudo isso, desde a CTR, colocamos que devemos sair às ruas para exigir Fora Macri, Já! As CGT [Central Geral dos Trabalhadores] e CTAs [Central dos Trabalhadores Argentinos] devem romper a trégua e chamar urgente uma Greve Geral e um Plano de Luta Nacional para dar o tiro de misericórdia neste governo ajustador. Chamamos os trabalhadores da Economia Popular (CTEP) e os movimentos sociais que hoje estão se mobilizando, bem como aos trabalhadores das estatais da CTA Autônoma que estão indo às ruas para reivindicar a reabertura de negociações coletivas, a se tornar a ponta de lança para impulsionar a mobilização unitária de todos os trabalhadores e desempregados, pela saída imediata do presidente Macri.
Abaixo o Pacto de Governabilidade! Plano Econômico operário e popular para sair da crise!
Todo o empresariado e o arco político opositor, principalmente o peronismo K [kirchnerista], decidiram reforçar o Pacto de Governabilidade para sustentar o governo e permitir-lhe chegar até dezembro. Isso explica as conversas telefônicas entre Alberto Fernandez e Macri com o objetivo de enviar sinais de “confiança” aos “mercados”; as declarações do vistoso vencedor das prévias sobre o dólar a 60 pesos, dizendo que era um valor “razoável”; e a reunião dos seus assessores econômicos com o novo ministro da economia de Cambiemos. Lamentavelmente, a CGT e CTA, Moyano e a maioria dos dirigentes sindicais se juntaram ao acordo para sustentar Macri até o fim do mandato, ignorando a necessidade urgente dos trabalhadores de sair à luta por aumentos de salários e aposentadorias diante da terrível desvalorização. Isso demonstra o terror que têm os empresários, os partidos patronais e a burocracia sindical à mobilização operária e popular e ao fantasma de 2001, quando o povo mobilizado nas ruas decidiu acabar com o governo ajustador de Fernando de la Rua.
Respeitamos o voto e a confiança de muitos trabalhadores na fórmula Fernandez-Fernandez. Porém, uma vez mais, voltamos a alertá-los de que o compromisso de Alberto Fernandez não é com os trabalhadores e os pobres, mas sim com o FMI e o mercado financeiro internacional, com os banqueiros e especuladores financeiros e com os empresários. A nítida mensagem de que vão reconhecer a dívida com o Fundo Monetário e com os credores internacionais e de que vão promover um pacto social com empresários e sindicatos para reduzir os salários, rever as convenções trabalhistas e engrossar os lucros do patronato, apontam para um caminho oposto à saída que necessitamos os trabalhadores e o povo.
Chamamos aos milhões de trabalhadores que confiaram em Alberto Fernández a expulsar Macri, e para resolver a crise econômica e social que estamos sofrendo a nos mobilizarmos para impor um Plano Econômico operário e popular que levante como primeira medida a revisão do acordo com o FMI e a SUSPENSÃO IMEDIATA do pagamento da DÍVIDA EXTERNA, para utilizar estes recursos que saem do nosso trabalho e sacrifício para reativar as fábricas que fecharam as suas portas, dar emprego aos dois milhões de desempregados com um Plano nacional de obras públicas e conceder aumentos de salários e aposentadorias de acordo com a cesta básica. Cobrando altos impostos às exportações do campo, à renda financeira e aos especuladores financeiros, confiscando os bens e as contas das empresas e bancos que enviam as suas divisas para o estrangeiro. Nacionalizando o petróleo e a mineração sob controle operário. Só a unidade e a mobilização dos trabalhadores pode impor este programa a serviço da classe operária e do povo, para que os patrões, os banqueiros e os mercados da usura internacional paguem pela crise.
Corriente de Trabajador@s Revolucionários (CTR)
Agosto/2019