O dia 29 de abril de 2019 mostra a retomada das lutas pela base no Paraná

Quem deve decidir é a nossa classe mobilizada e organizada pela base

Por Chan Kin Con

O nosso dia 29 de abril de luta da classe trabalhadora do funcionalismo público do Paraná mostrou uma nova disposição de unificar as lutas contra os governos Ratinho Jr e Bolsonaro. Não é simplesmente por acaso ou obra de uma nova consciência. Menos ainda, uma comprovação simplória de que as direções dos sindicatos estavam com razão na sua política sindical de conciliação com os governos. E nem se pode afirmar de forma desleal que a nossa classe trabalhadora esteve totalmente atrasada na disposição de lutar.

Quem propôs, quase que “eternamente”, confiar nas negociações com os governos sem a participação direta da classe trabalhadora na mobilização pela base de forma organizada e na greve como instrumento de luta permanente foram as próprias direções dos sindicatos, sendo a pior, nesta política, a atual direção da APP Estadual e suas direções agregadas. Estas direções sindicais têm se escondido atrás das sombras da ascensão da direita no país.

Esta explicação simplória de que a classe trabalhadora parou de lutar porque a direita ganhou as eleições o ano passado é uma justificativa para esconder a sua política de “sindicalismo de resultados” e de administração da crise do capitalismo brasileiro e paranaense. Afinal de contas, no terreno político e inclusive eleitoral, a direita chegou ao poder porque a própria política das direções sindicais ligadas, boa parte delas, à CUT e ao PT, foi de desenvolver esta política de trazer para dentro do projeto político da classe trabalhadora os setores da burguesia e da direita nas últimas décadas. Tal resultado, inclusive, se mostrou catastrófico ao trazer para a base de apoio dos últimos governos do PT, todos os setores que hoje estão com a direita nos governos estaduais e no governo federal. Lembrem se que PP, PMDB e associados foram os articuladores ativos do golpe de 2016 junto com o judiciário contra Dilma e os responsáveis pela prisão política de Lula. Todos eles sustentam os atuais governos de direita e atacam a classe trabalhadora neste momento.

Então, como poderemos vencer a direita política nos governos e seu projeto de destruição de direitos sociais? Como conseguiremos acabar com o enorme arrocho salarial que sofremos, que somadas as perdas totais, inclusive piso nacional da educação e hora atividade, chega a ser muito mais que os 17% de perdas salariais. Temos as perdas da saúde e das vidas nas escolas com um brutal sistema de exploração e assédio moral no trabalho.

Será que vemos as direções sindicais passando nas escolas e pedindo relatos, lá na base, lá na escola, do que sofremos com o sistema de exploração e opressão capitalista na escola, por exemplo? Com certeza, não conseguiremos nenhuma vitória real se continuarmos colocando as negociações do sindicalismo de resultado na frente da mobilização organizada nas escolas e na base. Não conseguiremos uma negociação real do que devem para nós e para a população mais pobre, que precisa dos serviços públicos de qualidade, assumindo compromissos e acordos em mesas com o governo antes de saber o que a nossa classe quer, inclusive, se ela quer usar a greve como instrumento de luta contra os governos de direita que estão aí.

Temos marcada a greve geral da educação dia 15 de maio e a greve geral das centrais dia 14 de junho. Precisamos urgentemente unificar as lutas. Fazer a mobilização e organizar pela base e nos locais de trabalho envolvendo a comunidade escolar, estudantes e os usuários dos serviços públicos para que tiremos nossa proposta de acordo pela base e não da mesa do Ratinho Jr. Precisamos mobilizar a nossa classe para a luta contra a Reforma da Previdência e as direções dos sindicatos devem colocar todos os nossos recursos financeiros e estruturas materiais para construir os comitês de luta pela base nas escolas e locais de trabalho. Defendemos um caminho inverso: organização e reunião na base. Só com uma nossa classe mobilizada e organizada em assembleias regionais e assembleias gerais podemos enfrentar o governo.

Só assim ganharemos respeito novamente. Chega de acordos, conciliações e sindicalismo para ajudar a administrar a crise do capitalismo dos governos e patrões. Precisamos lutar de forma contundente contra os governos de direita de Ratinho Jr e Bolsonaro. Antes do dia 29 de abril de 2015 teve o dia 10 e 12 de fevereiro de 2015. Os dias que não foram de massacres, mas os dias que historicamente colocamos os deputados escondidos em banheiros e viaturas da polícia de medo da nossa capacidade de lutar aos milhares. Isso é possível porque foi possível. É isso que mostra o nosso dia 29 de abril de 2019.

(*) a imagem mostra a luta dos trabalhadores da Educação do Paraná e a dura repressão do governo de Beto Richa (PSDB), em 29 de abril de 2015.

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