O GOI vem a público manifestar sua posição diante do “atentado” contra o capitão Bolsonaro, candidato a presidente.
Antes de mais nada, nos delimitamos por completo das declarações já expressas pelos principais partidos que falam em nome da classe trabalhadora. O PT, PC do B e PSOL e seus candidatos, antes mesmo de que as circunstâncias do “atentado” sejam devidamente evidenciadas, já se apressaram a sair a público em solidariedade a Bolsonaro, em defesa da democracia, contra a “ violência” e pela condenação “exemplar” dos responsáveis. Foram seguidos por várias correntes e grupos revolucionários como a Resistência. O PSTU também repudiou a “agressão” ao candidato do PSL, afirmando que as “mensagens de ódio” de Bolsonaro estimularam o atentado, mas não o justificam.
O GOI repudia estas declarações vergonhosas de capitulação à falsa democracia dos ricos e de acobertamento da extrema direita militarista e fascista.
O maior risco às liberdades democráticas vem justamente do capitão Bolsonaro, de seu vice, o general Mourão e dos bandos militaristas e fascistas que florescem como ervas daninhas à sua sombra. Vem de sua pregação preconceituosa e de suas atitudes violentas contra as mulheres,negros e negras, LGBTTIS e trabalhadoras e trabalhadores imigrantes. De suas ameaças de fuzilamento dos militantes do PT e da esquerda. De seu silêncio cúmplice diante do assassinato de Marielle e Anderson. De sua política de militarização da sociedade, que na História recente causou o assassinato e a tortura de milhares de cidadãos no Brasil e vários outros países, e que hoje aprofunda a violência contra os bairros populares no Rio de Janeiro. De seus planos patronais de aprofundamento da miséria, do desemprego e da violência.
Caso se confirmem os fatos revelados até agora pela apuração policial, a ação do servente de pedreiro Adélio Oliveira é fruto do desespero e da legítima reação de autodefesa que sentem milhões de explorados e oprimidos diante das ameaças de Bolsonaro/Mourão e seus seguidores.
Por isso, repudiamos veementemente as declarações do PT e seus aliados da Frente Brasil Popular que estão sofrendo a perseguição implacável da falsa justiça burguesa que mantém Lula na cadeia, impedindo milhões de trabalhadoras e trabalhadores de votarem nele, facilitando assim a vitória eleitoral de Bolsonaro e outros candidatos patronais.
Denunciamos as declarações capituladoras dos partidos que pregam a “rebelião” e se autoproclamam o “povo sem medo”, mas na prática se colocam como suportes de esquerda desta falsa democracia dos patrões e corruptos.
É preciso que as organizações da classe trabalhadora assumam a defesa jurídica de Adélio Oliveira e contra as ameças de linchamento já feitas pelos bandos bolsonaristas.
Apesar disso, o GOI deixa explícito que não tem nenhum acordo com o método de justiçamento individual que supostamente foi praticado por Adélio Oliveira. Os métodos do terrorismo individual são um “tiro pela culatra” que acabam fortalecendo os exploradores e opressores e servem apenas para justificar o aumento da repressão sobre nossa classe.
É o que vemos neste momento em que o capitão Bolsonaro, que tem como símbolo de campanha as mãos apontadas como armas, tenta passar de agitador da violência a vítima inocente. E em que também vários lobos se apresentam em pele de cordeiro pregando contra a “violência” e pelo respeito à “democracia”. A exemplo de Alckmin, candidato do PSDB, o carrasco do Pinheirinho, que jogou milhares de policiais para destruir o bairro operário e popular de São José dos Campos. Ou Meirelles, do MDB, banqueiro e ministro de Lula e de Temer diretamente responsável pelo aumento da miséria e do desemprego no país. Ou Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos), repressores de greves de trabalhadoras e trabalhadores da Educação quando foram governadores de seus estados. E mais uma lista interminável de “democratas” oportunistas.
O GOI chama o PT, PC do B, PSOL e PSTU a reverem suas declarações capituladoras e a organizar a luta para derrotar o crescimento da direita bolsonarista nas urnas e nas ruas. Reafirmamos nossa proposta de formação de uma Frente da Classe Trabalhadora, sem patrões, para enfrentar a ofensiva da burguesia e do imperialismo contra nossos empregos, salários e direitos trabalhistas, previdenciários e democráticos, que lute por um Governo da Classe Trabalhadora, sem patrões.
É inadiável também a criação de organismos comuns de autodefesa das organizações políticas, sindicais, populares, camponesas, da juventude e da luta contra as opressões e de seus dirigentes e candidatos. Nenhuma confiança na “proteção” e nas “apurações” feitas pela Polícia Federal, PMs e Polícias Civis. O assassinato de Marielle e Anderson, assim como o de centenas de ativistas das lutas populares, camponesas e indígenas nunca teve nem terá o mesmo tratamento dado ao caso Bolsonaro. Enquanto não houver liberdades democráticas e sindicalização aos soldados, não podemos confiar em seus oficiais para dar proteção à classe trabalhadora e aos ativistas e candidatos operários e populares.
Grupo Operário Internacionalista – 7/9/2018