Um “incêndio” a cada dia destrói a cultura de nosso povo e da classe trabalhadora, o “incêndio” devorador do capitalismo.
Quatro meses atrás, assistíamos em rede nacional a tragédia do desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, ocupado por centenas de famílias sem teto, no Largo do Paissandú, centro de São Paulo, que pegou fogo e foi abaixo no 1º de Maio (Dia do Trabalhador). Na noite do último domingo, uma nova tragédia anunciada fez incendiar e destruir praticamente todo o prédio e um acervo de mais de 20 milhões de itens do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O Museu estava sob administração da UFRJ, que também é vítima do desmonte e sucateamento dos serviços e patrimônios públicos pelo governo federal.
O debate e a comoção nacional imediata com a perda do Museu Nacional, que havia recém completado 200 anos, e era um patrimônio histórico do Brasil e da humanidade, assim como fora a solidariedade de nossa classe com os moradores e moradoras da ocupação do Largo do Paissandú, é resultado do descontentamento com o governo Temer e a falta de investimentos e políticas públicas em áreas essenciais da sociedade (como saúde, educação, moradia, cultura, ciências, etc.).
A selvageria do capitalismo, principalmente diante de sua crise mais profunda em décadas, faz com que as tragédias se tornem parte da vida cotidiana de milhares de trabalhadoras e trabalhadores. A burguesia nacional e internacional, em defesa de seus lucros e privilégios de classe, colocam em risco o progresso da humanidade, o meio ambiente e a preservação da cultura e história dos povos do mundo. Consequência sintomática do fracasso do modelo econômico neoliberal, que acaba com os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e com os investimentos em áreas importantes da sociedade, o incêndio que acometeu o Museu Nacional, assim como a maior tragédia ambiental de nossa história, com o rompimento da barragem de Mariana em Novembro de 2015, causada pela Samarco (que continua até hoje sem ser punida e explorando trabalhadores e trabalhadoras da região), é o prelúdio do que a burguesia, em sua agonia, quer para o conjunto de nossa classe.
Diversos jornais vêm expondo os repasses ao Museu Nacional em contraposição com os gastos do governo com o Judiciário, o Legislativo e até com a manutenção dos prédios do Executivo (como o Palácio da Alvorada, desocupado desde o impeachment da Dilma) e com a lavagem dos carros dos deputados que (pasmem) ultrapassam os valores repassados anualmente para o Museu Nacional (que para 2018 não passaria de pouco mais de R$ 205.000,00, segundo dados publicados ontem no El País). Um verdadeiro escarnio é feito com o dinheiro público para manter privilégios dos parasitas do judiciário, legislativo e executivo, como o atual reajuste salarial dos ministros do STF, além das regalias aos tubarões do setor privado, que tem dívidas perdoadas pelo governo para continuar usurpando trabalhadores e trabalhadoras.
Enquanto isso, hospitais, escolas públicas e o patrimônio público seguem sendo sucateados e a mercê de novos “incêndios”. O BNDS, banco do governo, quando acionado pela grandes empresas capitalistas, como a Odebrecht e outras empreiteiras, os bancos privados e o complexo da mídia burguesa (Rede Globo), libera os recursos em tempo relâmpago. Porém, quando é para garantir a manutenção e segurança de um patrimônio histórico e cultural do nosso povo, que não tem o lucro como meta, o repasse de verbas fica estagnado na burocracia e nas mãos de burocratas à serviço exclusivo da propriedade privada. Numa situação de crise econômica, em que mais de 13 milhões de pessoas sofrem com o desemprego no país, através das relações espúrias das altas cúpulas das instituições burguesas do Estado com os grandes conglomerados de empresas privadas, a festa rola solta com o dinheiro dos nossos impostos!
Nós, do GOI, lamentamos profundamente a perda imensurável do Museu Nacional para a cultura e a ciência de nosso país e da humanidade, fruto da negligência da burguesia que o deixou à mercê de sua ruína. O consciente desmonte dos serviços públicos e dos direitos trabalhistas e sociais, orquestrados por governos e patrões, para continuar com o pagamento da dívida pública aos agiotas do mercado financeiro nacional e internacional, se não enfrentados, seguirão produzindo novas perdas e tragédias imensuráveis como a do último domingo. Parafraseando Leon Trotsky em seu livro “Programa de Transição”, se o capitalismo não pode resolver as contradições que ele mesmo criou, então que morra!
É preciso que a classe trabalhadora tome a tarefa de tirar das mãos da burguesia sua história e seu destino. A vitória só virá com a conquista do poder político para nossa classe! Sem que haja uma forte luta entusiasmada e organizada dos trabalhadores e trabalhadoras, não será possível garantir um futuro onde os investimentos sociais, construção de moradias para o povo pobre e sem teto, melhores condições de trabalho e emprego, salários e vida digna para todos e todas sejam uma realidade!
Pensando neste futuro que queremos construir com o conjunto de nossa classe, o GOI, mesmo achando que as lutas são o único meio possível de conseguirmos enfrentar os problemas estruturais de nossa sociedade, segue defendendo para estas eleições que Lula seja libertado e tenha o direito democrático de ser votado por milhares de trabalhadores e trabalhadoras que acreditam e tem ilusões de que sua vitória reverterá os retrocessos do atual governo Temer. No entanto, alertamos os trabalhadores e trabalhadoras, sem que Lula e o PT rompam suas alianças com os partidos e lideranças burguesas, responsáveis pelos ataques que sofremos diariamente, e chamem o conjunto de nossa classe, o povo pobre e os setores oprimidos para a conformação de uma “Frente dos Trabalhadores, Sem Patrões”, seguiremos sob ameaça de novas e irreversíveis tragédias.
Fora Temer!
Saúde, educação, cultura e moradia para a classe trabalhadora!
Abaixo aos privilégios da burguesia e dos parasitas do legislativo e do judiciário!
Construir nas lutas e nas eleições uma saída da classe trabalhadora para a crise!
Por uma Frente da Classe Trabalhadora, sem patrões! Com Lula presidente e Boulos vice!
Por um Governo da Classe Trabalhadora, sem patrões!