Abaixo o Sampaprev! Fora Dória! Organizar a solidariedade e fortalecer a greve pela base.

A greve das servidoras e servidores públicos do município de São Paulo se encontra no patamar dos enfrentamentos travados pela classe trabalhadora no último período de crise econômica mundial. Tal como Macri na Argentina, Macron na França, Syriza na Grécia, o governo de Michel Temer (PMDB), para garantir o pagamento fiel da dívida externa aos banqueiros e agiotas do mercado financeiro, também vem aplicando a nível federal, estadual e municipal (com a ajuda de governador@s e prefeit@s) um plano neoliberal de reformas contra os trabalhadores e trabalhadoras (em especial do serviço público), levando a um brutal arrocho salarial e a perda de direitos.

O PL 621/16 do Sampaprev, orquestrado ainda durante o governo de Fernando Haddad (PT), e resgatado por João Dória (PSDB), é uma medida de urgência que a burguesia encontrou para confiscar parte dos salários das servidoras e servidores públicos, na justificativa de haver um déficit no IPREM (Instituto de Previdência Municipal de São Paulo). O confisco salarial que Dória e a burguesia querem fazer com o aumento da alíquota do desconto previdenciário, assim como seu projeto de privatização, que inclui a criação do Sampaprev (que passará parte do fundo da previdência para a iniciativa privada), tem como objetivo manter o pagamento da dívida do município aos grandes banqueiros e agiotas nacionais e internacionais.

Uma mobilização histórica do serviço público municipal de São Paulo

A greve do serviço público municipal começou forte. Os comandos de greve das escolas e locais de trabalho tem tido um papel essencial na adesão da base na greve. Além disso, o diálogo com a comunidade, explicando os ataques e a necessidade de lutar contra Dória e o sucateamento do serviço público municipal, tem sido de extrema importância para fortalecer o movimento e ampliar a solidariedade com @s grevistas. Categorias que jamais tinham parado antes já aderiram ao movimento e diariamente a greve ganha novos adeptos. A disposição da categoria é uma das maiores demonstrações de que essa é uma greve histórica do serviço público municipal de São Paulo!

Polícia a serviço dos ricos e poderosos

Já no início, o movimento teve que enfrentar o aparato repressivo do Estado que, a mando do prefeito Dória e do presidente da Câmara de Vereadores, Milton Leite (DEM), foi extremamente violento com os manifestantes no dia 14 de Março. A dura repressão da GCM e da PM contou com agressões físicas que há muito tempo não se via contra grevistas na cidade de São Paulo. As bombas, balas de borracha na cabeça, lesões e fraturas de todo tipo são uma dura demonstração de que as instituições do Estado burguês estão a serviço de defender os interesses dos ricos e poderosos contra os trabalhadores e trabalhadoras. Assim como a Câmara de Vereadores é uma instituição para fazer leis para a burguesia e na qual não devemos criar ilusões, a polícia e suas estruturas servem para massacrar o povo pobre e trabalhador. Os movimentos sociais e os sindicatos tem que colocar em pauta a necessidade da autodefesa de nossa classe contra os aparatos de repressão do Estado, que serão cada vez mais acionados para defender os interesses da burguesia.

100 mil nas ruas contra a repressão!

Em resposta à dura repressão do dia 14 de Março e ao assassinato de Marielle Franco e Anderson, que aconteceu no mesmo dia, no Rio de Janeiro, o movimento de massas de São Paulo construiu uma marcha de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras no dia 15. Este ato é uma prova incontestável que nossa classe não vai se calar diante da repressão e que a solidariedade é um sentimento muito presente entre nós, trabalhadores e trabalhadoras.

A greve entra numa semana decisiva

A semana do dia 26 a 29 de Março pode ser decisiva para a greve. No dia 26 ocorrerá a reunião chamada pela prefeitura com as entidades sindicais. Dia 27 servidores e servidoras tomarão as ruas pela derrubada do projeto. Dia 28 é tido como o prazo final para Dória aprovar o projeto. Neste sentido, esta semana será de muitas atividades e se o governo não retirar o projeto devemos preparar os trabalhadores e trabalhadoras para enfrentamentos mais duros. As grandes manifestações são muito importantes para demostrar nossa força e para elevar nossa moral, mas não podemos derrotar Dória e o projeto do Sampaprev só com grandes manifestações. Se o governo não retirar o projeto até o dia 28, devemos construir um forte operativo para ocupar a Câmara de Vereadores.

Nenhuma confiança nas burocracias sindicais!

A burocracia sindical é um câncer para o movimento dos trabalhadores e trabalhadoras, pois coloca os seus interesses enquanto casta privilegiada acima dos interesses da classe. No Sinpeem, por exemplo, assim como nos outros sindicatos, existem dirigentes sindicais que estão há décadas liberados do trabalho. Os privilégios sindicais fazem com que esses dirigentes dirijam todos os recursos e realizem todo tipo de manobras para se manterem no aparato. Na maioria das vezes, a burocracia sindical expressa de maneira indireta os interesses dos governos e patrões dentro do movimento da classe. Não é a toa que os servidores e servidoras viram seus dirigentes traírem e encerrarem greves anteriores passando por cima da base. No Sinpeem, o presidente do sindicato, Claudio Fonseca, é também vereador pelo PPS, e o pior, é da base de apoio do governo Dória. Por isso, a categoria tem toda razão em desconfiar e esperar traições a todo o momento.

Por tudo que significa a burocracia sindical, ao mesmo tempo em que lutamos contra Dória e o Sampaprev, é necessário forjar na luta uma nova direção. Por isso, é fundamental continuar fortalecendo a greve pela base. Além dos comandos por escolas que já se organizam e mobilizam a categoria, é imediatamente necessário criarmos um comando único da greve e comandos regionais unificados de todos os setores do funcionalismo em greve, que façam o balanço, conclusões e próximos passos do movimento. Para as mesas de negociação com a prefeitura devemos criar uma comissão de negociação eleita pela base nas assembleias.

As centrais sindicais tem que organizar a solidariedade ativa à greve

Para derrotar Dória e enterrar de vez o Sampaprev, a greve do serviço público municipal precisa contar com o apoio e solidariedade de todos os movimentos sociais e categorias de trabalhadores e trabalhadoras. Para efetivar esta solidariedade de classe é preciso que as grandes centrais sindicais se envolvam pra valer nesta greve. A CUT e a CTB devem fazer boletins explicando e apoiando a greve para serem distribuídos em suas bases sindicais, a exemplo do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que fez uma carta aberta de apoio à greve que foi distribuída nas estações do Metrô.

A Apeoesp deve convocar um dia de greve em apoio aos grevistas da prefeitura de São Paulo

A greve das servidoras e servidores públicos do município de São Paulo está gerando muita solidariedade entre os professores e professoras da Rede Estadual de São Paulo e também em outras redes municipais da Grande SP. É preciso que a direção da Apeoesp convoque imediatamente um Dia de Greve em solidariedade aos grevistas do município de São Paulo, com uma grande manifestação unificada, agregando a esta luta as reivindicações da categoria estadual, que também está ameaçada pelos planos de privatização da Previdência e pelo arrocho salarial e cortes de direitos feitos pelos governos do PSDB.

O papel da CSP-Conlutas e a unidade da Oposição

A atuação da oposição nesta greve tem sido dispersa, o que facilita que a burocracia mantenha seu controle sobre o movimento. As entidades que formam a oposição precisam construir fóruns para efetivar a unidade na luta. O papel da CSP-Conlutas para forjar essa unidade é essencial, já que a grande maioria dos agrupamentos da oposição está na central. Por isso, a CSP-Conlutas precisa convocar imediatamente uma reunião dos setores da oposição para dar cabo desta tarefa.

Fora Dória! Quem bate em servidor, não vai ser governador!

Além de derrotar o projeto do Sampaprev, outra tarefa dos trabalhadores e trabalhadoras é derrotar Dória e sua candidatura ao governo do Estado. É preciso que o movimento grevista e os sindicatos tomem uma posição política também contra o governo, por isso defendemos como palavra de ordem a consigna: “Fora Dória! Quem bate em servidor, não vai ser governador!”.

Um comentário em “Abaixo o Sampaprev! Fora Dória! Organizar a solidariedade e fortalecer a greve pela base.

  1. Perfeito! Deveria ter sido dessa forma. Uma pena a categoria ter parado uma greve histórica, bem no momento em que tínhamos tudo para derrubar o projeto.

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