As centrais sindicais majoritárias CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB decidiram suspender a “greve nacional” de 5 de dezembro com o mesmo método burocrático que haviam utilizado para decretá-la: sem nenhuma consulta e participação dos trabalhadores e trabalhadoras, as cúpulas da burocracia sindical decidem tudo sozinhas entre quatro paredes. A CSP-Conlutas e a Intersindical protestaram contra esta decisão sobre a qual não foram consultadas, todavia, são vítimas de seu próprio seguidismo às centrais burocráticas e pelegas.
O GOI já havia criticado o método burocrático de “baixar calendários” e alertado que não se podia depositar nenhuma confiança na burocracia sindical. A suspensão, portanto, não nos surpreende: é apenas consequência do fato de que não havia nenhuma preparação séria da “greve nacional” nas bases destas centrais, apesar dos discursos e cartazes postados nas mídias sociais. A burocracia da CUT, Força Sindical e demais centrais pelegas não estão de fato empenhadas em organizar a luta contra as reformas de Temer, mas apenas em usar a classe trabalhadora como massa de manobra para negociar com o governo e o Congresso corruptos a manutenção do imposto sindical. Atuam de forma consciente para desmobilizar e desorganizar a nossa classe.

Nosso alerta estava em sintonia com os trabalhadores e trabalhadoras nos locais de trabalho, que não estavam “sentindo firmeza” nesta “greve” e desconfiavam de suas direções, principalmente após a traição da onda de lutas do primeiro semestre que possibilitou ao governo aprovar a reforma trabalhista e Temer sobreviver no poder.
Outro fator que leva confusão e desmobiliza a classe trabalhadora é a política eleitoreira de Lula e do PT, que tentam convencer a nossa classe de que não adianta lutar pelo “Fora Temer” e que a saída é esperar as eleições de 2018. Muitos trabalhadores e trabalhadoras esperam que se Lula for reeleito, ele anulará as reformas de Temer, porém, até agora, ele não se comprometeu com isso. Ao contrário, Lula está empenhado em reconstruir as alianças eleitorais com partidos e políticos burgueses, inclusive o PMDB de Temer, para tentar voltar ao poder com um novo governo de unidade entre patrões e trabalhadores.
Construir um polo classista e de luta
A nova traição dos burocratas e pelegos facilita ao governo a aprovação da reforma da previdência e à burguesia seguir atacando nossos direitos, empregos e salários. Enquanto a organização das lutas dos trabalhadores ficar nas mãos da burocracia sindical e dos planos eleitorais de Lula e do PT, só acumularemos derrotas.
Diante disso, é preciso que as organizações e direções que são independentes dos patrões e dos governos e que de fato estão empenhadas na luta construam um caminho para fazer avançar a mobilização e a organização dos trabalhadores e trabalhadoras para enfrentar Temer e as reformas. Mas, para isso, é preciso deixar de ficar a reboque da CUT, Força Sindical, de Lula e Paulinho da Força. É preciso fortalecer a organização de base e independente dos trabalhadores e trabalhadoras. É preciso unificar pela base as entidades que estão de fato empenhadas na luta, organizando um polo classista e de luta que avance na construção de uma nova direção para os movimentos e lutas da classe trabalhadora.
Que a CSP-Conlutas faça um chamado a um Encontro Nacional de Base
A CSP-Conlutas, que é a principal central sindical e popular independente dos patrões e governos, pode e deve cumprir um papel decisivo na construção deste polo classista e de luta. Mas, para isso é preciso mudar a política de “unidade de ação”, que na prática tem se tornado uma política de bloco permanente com a burocracia sindical, que tem colocado a central a reboque das manobras da burocracia e enfraquecido seu papel independente.
Propomos que a CSP-Conlutas faça um chamado aos sindicatos, movimentos, partidos e correntes políticas independentes dos patrões e governos para a organização de um Encontro Nacional de Base, com delegados e delegadas eleitos/as em assembleias nos locais de trabalho, para aprovar um Plano de Lutas Unificado contra as reformas e pelo Fora Temer, e organizar a solidariedade a todas as lutas. É preciso fazer este chamado especialmente à Intersindical, ao MTST e à Frente Povo Sem Medo. É fundamental que este Encontro seja organizado em conjunto com o movimento popular, de juventude, mulheres, negros e LGBTTs.
O GOI se dirige especialmente aos camaradas do PSTU, direção majoritária da CSP-Conlutas, para que reflitam a partir da experiência de traição da burocracia nas lutas deste ano, e construamos uma política correta para a efetiva mobilização da classe trabalhadora e para afirmar a CSP-Conlutas como alternativa de direção contra a burocracia sindical, Lula e o PT. Fazemos este chamado também às organizações que compuseram o Bloco de Oposição no 3º congresso da CSP-Conlutas, ao MAIS e NOS, assim como à corrente Unidos pra Lutar, ao MRT e outras organizações que militam na central.
Por uma nova direção de luta independente dos patrões e dos governos!
Para avançar nesta tarefa o GOI propõe para discussão as seguintes propostas:
Nenhuma confiança na burocracia sindical! Por uma campanha na base das centrais majoritárias de denúncia de seu papel traidor, responsável pelos avanços do governo e da burguesia contra nossos direitos. Exigência de que rompam seus pactos com os patrões e o governo e organizem a luta.
Organizar a luta pela base, com democracia operária! Fortalecer a organização das Oposições Sindicais e Grupos de Base nas bases da burocracia pelega. Lutar pela realização de assembleias e formação de comandos de base para organizar as lutas.
Exigência a Lula e ao PT: rompam suas alianças com a burguesia e os políticos corruptos! Que Lula faça um chamado à luta imediata pelo Fora Temer e pela organização de uma greve geral contra as reformas. Que se comprometa com a anulação de todas as reformas antioperárias de Temer se for eleito presidente.
Fora Temer e o Congresso corrupto!
Abaixo as reformas trabalhista e da previdência!
Por um governo da classe trabalhadora e do povo pobre, sem patrões!
(Nota do GOI – 4/12/2017)