Nota da CTR e do GOI (20/7/2021)
No dia 11 de julho, milhares de trabalhadoras e trabalhadores cubanos saíram às ruas para protestar contra o governo de Díaz-Canel e exigir suas reivindicações: comida, vacina, medicamentos, eletricidade. A repressão desencadeada pelo governo fez ecoar também as reivindicações de liberdades democráticas de expressão e de manifestação. Seguindo os passos das revoltas populares na América Latina e no mundo, e os exemplos do povo haitiano, chileno, colombiano, estadunidense, entre outros, o povo cubano está saindo à luta contra a terrível deterioração de suas condições de vida e de trabalho causadas pelo aumento desenfreado da exploração capitalista-imperialista durante a crise pandêmica e econômica mundial.
O caráter legítimo das reivindicações e dos protestos foi reconhecido até pelo presidente Díaz-Canel, que disse, “há pessoas com insatisfações legítimas devido à situação em que estão vivendo, e também revolucionários confusos” (El Pais, 11/7/2021). Porém, em seguida, deu a senha para justificar a criminalização dos protestos, afirmando que “ao mesmo tempo há oportunistas, contrarrevolucionários e mercenários financiados pelo governo dos Estados Unidos para armar este tipo de manifestações”. No mesmo dia 11 e nos dias seguintes, a polícia e as Forças Armadas do regime prenderam dezenas de manifestantes, e uma pessoa foi morta. A Internet foi bloqueada para tentar impedir e dificultar a comunicação entre a população, e as “brigadas de ação rápida”, bandos armados a serviço do regime, foram convocados para as ruas com o objetivo de intimidar e sufocar novos protestos.
O simples fato de que a classe trabalhadora e o povo pobre de Cuba são obrigados a sair às ruas, em plena pandemia, para lutar em defesa de suas condições de vida é a maior prova de que a restauração capitalista trouxe para o país os mesmos males enfrentados por seus irmãos de classe latinoamericanos. A repressão policial e militar do governo cubano sobre o povo rebelado em nada é diferente da repressão feita por Piñera, no Chile, ou Duque, na Colômbia, e outros governantes burgueses a serviço do capital.
Como sempre ocorre com as revoltas e lutas populares em todo o mundo, principalmente as de caráter semiespontâneo, o imperialismo busca incidir com sua propaganda, seus organismos e seus quintas-colunas para tentar dirigir o processo. Em Cuba, a ingerência do imperialismo ianque é ainda mais acentuada devido tanto aos seus interesses geopolíticos contrarrevolucionários (Cuba foi o primeiro país da América a fazer uma revolução socialista vitoriosa), como também devido ao predomínio dos interesses da burguesia cubana instalada na Flórida, que pretende se reinstalar na ilha para recuperar seu poder econômico e político, perdido desde a Revolução Cubana de 1959. Contudo, isto para nada justifica descaracterizar as legítimas reivindicações e manifestações do proletariado de Cuba como sendo contrarrevolucionárias e a serviço do imperialismo ianque. Esta mentira é propagada pelos dirigentes da ditadura do Partido Comunista Cubano, que buscam se cobrir com o manto de uma revolução socialista que há muito tempo fizeram retroceder. A restauração do capitalismo na ilha hoje é um fato, e está sendo comandada diretamente pela burocracia castrista que se transforma em uma nova burguesia, associada a inúmeras empresas imperialistas, principalmente sediadas em países da Europa. Enquanto cresce a penúria do povo trabalhador, a nova burguesia do PC cubano vive cada vez mais como capitalistas abastados. Por isso, foram também ouvidas nos protestos de 11 de julho denúncias de jovens cubanos que diziam: “o povo passa fome, enquanto hotéis luxuosos são construídos”.
A restauração capitalista foi feita apesar do bloqueio econômico imposto desde 1962 pelo imperialismo dos Estados Unidos, que, todavia, segue sendo uma causa importante da crise econômica de Cuba. A manutenção do bloqueio pelo “democrata” Biden (assim como fez o autoritário Trump), desmascara que suas declarações em defesa da “liberdade e democracia” em Cuba não passam de hipocrisia criminosa. O mesmo pode ser dito de outros governos burgueses lacaios do imperialismo na América Latina, como os de Bolsonaro, Piñera, Duque, etc. A luta pelo fim do bloqueio segue sendo uma das principais bandeiras em defesa do povo cubano, levantada por toda a vanguarda proletária latino-americana e mundial. Contudo, Díaz-Canel e o PC cubano levantam esta bandeira com o único objetivo de tentar encobrir a repressão dos protestos por debaixo de uma suposta “luta antimperialista” na qual estariam empenhados. Não há como lutar contra o imperialismo enquanto reprimem seu próprio povo.
A CTR – Corriente de Trabajadorxs Revolucionárixs (Argentina) e o GOI – Grupo Operário Internacionalista (Brasil) se posicionam firmemente ao lado do povo trabalhador de Cuba. E conclamamos a vanguarda ativista das lutas na América Latina e no mundo a ficar do lado correto da barricada da luta de classes:
Todo apoio à justa luta do povo trabalhador de Cuba em defesa de suas condições de vida e de trabalho!
Abaixo a repressão do governo Díaz-Canel e das forças militares da ditadura cubana!
Liberdade imediata a todos e todas presos políticos!
Liberdade de expressão, manifestação e organização para a classe trabalhadora!
Pelo fim do bloqueio econômico! Contra a ingerência imperialista!