Governo de Taboão anuncia retorno das aulas presenciais no pico da pandemia

Taboão da Serra/SP liderou entre março e abril o primeiro lugar em número de mortes na fila do sistema CROS, por uma vaga nas UTIs. No município, desde o início da pandemia, as aulas são remotas, com realização de atividades das apostilas distribuídas para alunas e alunos e aulas/atividades no Google Classroom.

Inacreditavelmente, neste momento em que temos mais de 426 mil mortos por Covid no país, sendo mais de 104 mil no estado de São Paulo e 666 em Taboão, o Prefeito Aprígio e seu vice Buscarini e a Secretária de Educação Dirce Takano, no dia 11/05 convocaram o Quadro de Apoio da Educação para o trabalho presencial a partir de 12/05. Anunciaram a convocação de conselhos de classe presenciais nas escolas, reuniões de pais presenciais e retorno das aulas para 1 de junho.

Cientistas alertaram que março seria o mês mais triste de nossas vidas no Brasil. E foi. Abril superou todos os meses anteriores em número de óbitos pela Covid. Em maio, infectologistas e cientistas alertaram para a terceira onda da Covid19 no Brasil, decorrente da entrada no outono e aproximação do inverno. Quem não se lembra do platô de mais de mil mortes diárias em 2020 entre os meses de junho e julho? Este junho e julho de 2021 pode ser muito pior.

As autoridades governamentais falam em “estabilidade” da Pandemia num patamar altíssimo: média móvel de mais de 2 mil mortes diárias. Em número de óbitos diários, o Brasil está atrás apenas dos EUA e Índia.

A aprendizagem se recupera, vidas não!

Trabalhadoras e trabalhadores da Educação se mobilizam para impedir este retorno irresponsável que fará aumentar o número de infectados e mortos.

Aqui repetimos o que afirmamos no artigo publicado pelo GOI, em 5/4/2021:

“Inadmissível: escolas abertas” é morte!

As escolas públicas municipais e estaduais não têm janelas! Têm vitrôs emperrados, salas sem ventilação adequada.

Escolas públicas municipais e estaduais têm aglomeração permanente de pessoas! O número excessivo de alunos por sala não permite o distanciamento necessário, nem na sala de aula, nem no pátio, nem nos banheiros, nem no refeitório, nem nos corredores, em local algum.

Escolas públicas municipais e estaduais têm períodos de 5 horas! O número de horas que ficamos nas escolas é tempo mais que suficiente para o vírus fazer a festa entre os presentes. Circulando, infectando, sofrendo ainda mais mutações e matando pessoas.”

Uma pergunta para a Secretária de Educação Dirce Nakano: Se, diante de um surto de meningite, ou de sarampo, ou de tuberculose e outras doenças infectocontagiosas a escola onde os casos ocorrem é imediatamente fechada, por que reabri-las durante uma pandemia do coronavírus da dimensão que temos hoje?

A anunciada (e comemorada por alguns) “vacinação de profissionais da educação acima de 47 anos”, esconde que as faixas mais jovens estão sem qualquer perspectiva de vacinação.  Foi anunciado na semana passada pelo diretor do Instituto Butantã que a falta de insumos para a Coronavac vai interromper a vacinação (já lenta). Não há perspectiva de produção das novas doses.

Uma grande parcela de profissionais da Educação, alunas e alunos, familiares de alunas e alunos e familiares de todas e todos sem vacinação, seguirão expostos, infectados pelo vírus, que seguirá circulando (inclusive através dos vacinados que carregam o vírus e podem infectar pessoas, mesmo estando imunizados). Sem a imunização de uma grande quantidade de pessoas, há registro de pessoas vacinadas que se infectaram novamente. A parcial “vacinação de profissionais da educação” em nada resolve o problema das infecções na escola.

Os transportes públicos superlotados e responsáveis por boa parte das infecções na classe trabalhadora, estarão ainda mais superlotados com a volta às aulas.

Quantos absurdos reunidos, neste momento de luto nacional pela Covid19! A pandemia, que está completamente sem controle, e a anunciada terceira onda da Covid19 pode agravar ainda mais a situação que enfrentamos. As perdas irreparáveis são das vidas de mães e pais de famílias que deixam centenas, milhares de órfãos. Das filhas e filhas que deixaram as famílias desamparadas. A aprendizagem se recupera, vidas não!

Não podemos permitir a continuidade deste genocídio! São empresas de uniformes, livros físicos, materiais escolares, merenda e outras que faturam milhões de reais dos nossos impostos, que parasitam a Educação pública que estão pressionando pela volta às aulas presenciais, para manterem seus lucros. Os contratos com estas empresas têm que ser quebrados.  O momento exige outras prioridades! Garantir a vida!

Portanto, o retorno das aulas presenciais em Taboão da Serra (bem como em todas as redes) deve ser feito apenas quando todas e todos forem vacinados e a pandemia estiver controlada! Até lá, o Prefeito, o vice e a Secretária de Educação de Taboão têm que garantir:

Em defesa da Vida e de condições sanitárias seguras para a volta das aulas presenciais:

* Tablets e Chips com internet para todas as alunas e alunos participarem efetivamente do Ensino Remoto com segurança.

* Condições de trabalho remoto para todas e todos os profissionais da Educação (notebooks, tablets, equipamentos e internet de qualidade).

* Auxílio financeiro emergencial mensal e cartão alimentação para famílias das alunas e alunos da rede pública, em situação de vulnerabilidade (desemprego).

* Reforma urgente das escolas, que garanta a abertura de janelas em todas as salas, pátios, refeitórios que permitam a circulação necessária de ar dentro dos ambientes escolares com instalação de exaustores.

* Garantia de Equipamentos de proteção individual (máscaras N95 ou PFF2, já exigida em aeroportos e aviões) para todas as trabalhadoras e trabalhadores e material de higienização pessoal e limpeza para todas e todos dentro das escolas. Bem como máscaras de qualidade para as crianças.

* Pagamento de salários dignos para as PAPs, responsáveis pela limpeza das escolas, que atualmente recebem em Taboão 550 reais mensais, garantia também dos equipamentos de proteção individual e segurança no trabalho.

* Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – em todas as escolas, para garantir o cumprimento de um rígido protocolo de segurança sanitária, identificar casos de Covid, problemas que precisam ser solucionados e um ambiente escolar seguro.

* Vacinação de toda a população, antes de qualquer aglomeração que faça aumentar ainda mais os contágios e mortes pela Pandemia do Coronavírus.

* Acesso a teste para Covid19 na rede pública de Saúde, que permita o monitoramento e rastreamento dos casos que surgirem.

Negociação Já da Pauta de Reivindicações do Funcionalismo, protocolada em fevereiro deste ano: 

Pauta Geral:

1. Não ao confisco salarial de 3%, com o aumento da contribuição ao TaboãoPrev de 11 para 14%;

2. Devolução dos 3% que já serão descontados a partir do pagamento de fevereiro de 2021;

3.  Reposição das perdas salariais imediatamente (os salários estão congelados diante do brutal aumento do custo de vida).

4. Pagamento imediato do Vale transporte e do aumento do vale alimentação, aprovados no orçamento para 2021;

5. Fim do assédio moral, com Comissão de fiscalização e controle.

6. Regulamentação e eleição da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) em todos os locais de trabalho, para controle do Funcionalismo sobre as condições de trabalho, sobretudo os protocolos para pandemia do Coronavírus;

Pautas Específicas:

7. Redução da jornada e enquadramento das ADIs e Auxiliares de Classe no Estatuto do Magistério;

8. Redução da jornada de trabalho dos Assistentes de Desenvolvimento Escolar (ADEs) para 6 horas (30 horas semanais) e pagamento de adicional por insalubridade;

9. Redução da jornada dos Orientadores Sociais para 30 horas (a exemplo das demais categorias na Assistência Social). Insalubridade para psicólogos da saúde.

É preciso organizar e unificar a luta

As trabalhadoras e trabalhadores da Educação e do conjunto do Funcionalismo Público já estão se auto-organizando através das redes sociais. Vamos construir uma nova direção de luta, democrática e independente do governo. 

O Siproem e o SindTaboão são os sindicatos que detém a legalidade sindical e que representam o funcionalismo municipal diante do governo. Exigimos das diretorias desses sindicatos que convoquem imediatamente Assembleias para organizar de forma democrática a luta pelas reivindicações e em defesa da Vida.

O momento é de muita tristeza, de luto e de luta✊🏿

(Nota do GOI – Grupo Operário Internacionalista, 17/5/2021)

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