Holocausto brasileiro: os porões da opressão

Por Sandra Fortes

Holocausto Brasileiro já está entre os melhores livros que li durante a vida!

Retrato de uma realidade passada, ocultada e oculta ainda na sociedade brasileira e mundial capitalista no presente.

Não é à toa o título “holocausto”. Banir @s “inferiores”, @s diferentes, @s doentes, @s defeituos@s, @s rebeldes, @s louc@s, @s viciad@s…@snegr@s, as mulheres, @s lgbtt’s…, sobretudo da classe não proprietária dos meios de produção, da classe explorada e oprimida, o proletariado. Afinal, intensificar a opressão só assegura as melhores condições de exploração e os vultosos lucros.

A autora Daniela Arbex retrata de forma corajosa, autêntica e objetiva a crueldade praticada por longos anos nesta instituição pública, a Colônia de Barbacena – Hospital Psiquiátrico. Fundada em 1903, se converteu em depósito de pacientes, milhares dos quais morreram (60 mil), vítimas dos maus tratos e das péssimas condições do local – até os anos 80. Daniela Arbex reuniu as histórias, fotografias e os depoimentos impressionantes e comoventes de muit@s envolvido@s (pacientes, trabalhador@s, familiares, amig@s).

Retrato de uma barbárie praticada em diferentes partes do mundo ao longo dos tempos: navios negreiros, senzalas, campos de concentração nazistas, prisões, reformatórios, asilos, manicômios, Febem’s, Carandirus, Fundações Casa, Cracolândias… O tapete social, por debaixo do qual governantes e a classe dominante jogam o que consideram “lixo”, “a escória”, para manterem seu sistema econômico de dominação, exploração, fome, miséria e infelicidade para nossa classe.

Quem de nós não tem um/uma “louc@” na família ou não é, ou foi considerad@, ou tratad@, como louc@ em algum momento, por não se ajustar ao “padrão de competição da sociedade capitalista”?

Eu não tinha dez anos de idade, quando visitava, com papai, um tio, num sanatório, também em Minas Gerais, toda vez que viajávamos de férias para Manhuaçu, na década de 70 e início da década de oitenta. Negro, franzino (parecido com papai), trabalhador numa fazenda, internado como “louco” (uma história de racismo e opressão, cochichada na família pelos mais velhos), portador de ranseníase (lepra), provavelmente contraída no sanatório. Simpático, sorridente, músico e artesão, tocava e confeccionava suas flautas. Tio Orlando, irmão do meu avô Mário, pai do papai.

Conhecer um pouco mais da realidade que nos oprime e indigna, para seguir com força para transformá-la! É isto que esta leitura nos proporciona.

Li e recomendo. Assisti também ao documentário “Em Nome da Razão”, de Helvécio Ratton, 1979 e o filme Holocausto Brasileiro, direção e produção de Daniela Arbex, 2016, ambos sobre o Hospital Colônia de Barbacena, que também recomendo.

Links:

Livro: Holocausto Brasileiro, Daniela Arbex, 2013, PDF
http://lelivros.love/book/download-holocausto-brasileiro-daniela-arbex-em-epub-mobi-e-pdf/

Documentário “Em Nome da Razão”, Helvécio Ratton, 1979
https://youtu.be/PeXjSSs4q2k

Filme “Holocausto Brasileiro”, Daniela Arbex, 2016
https://youtu.be/izE_vxYqUiU

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