Por Sandra Fortes
“Empoderamento” é a palavra do momento, muito usada pela mídia, em relação às mulheres e também para @s negr@s e lgbtt+.
Com essa palavra o capitalismo busca vender a ilusão de que uma mercadoria qualquer, principalmente produtos de beleza (para atender aos cada vez mais exigentes padrões de beleza) ou que a vida de empreendedora (diante da crise de desemprego) e outras soluções vão dar poder individual às mulheres. As chamadas “mulheres empoderadas”.
Este chavão busca encobrir a dura realidade mundial do desemprego e miséria a que está submetida a maioria de mulheres no mundo, especialmente nos continentes africano, latino-americano e asiático, de mulheres negras, indígenas e não brancas. O discurso de “empoderamento feminino” busca encobrir os salários mais baixos pagos às mulheres, especialmente as negras e lgbtt+. Busca encobrir a dura realidade da dupla, ou tripla jornada imposta às mulheres, sobretudo às mães, sem creches, sem restaurantes e lavanderias públicos, escravizadas pelo trabalho doméstico. O “empoderamento da mulher” oculta também a dura realidade do transporte coletivo, a serviço dos lucros, que amontoa nossa classe nos ônibus, trens e metrôs, facilitando e estimulando o assédio sexual e estupro, incentivados pela cultura machista burguesa que dissemina a desvalorização da mulher através de músicas, novelas, propagandas e programas produzidos pela burguesia.
Não há “empoderamento feminino” para as trabalhadoras submetidas à precarização imposta pela reforma trabalhista do governo Temer e a reforma da previdência que pretende jogar mais e mais trabalhadoras na miséria e na precarização, sem direito à aposentadoria.
Para nós, mulheres revolucionárias, não há poder algum para as mulheres trabalhadoras dentro do capitalismo. Pelo contrário, o machismo, alimentado pela burguesia, tem como principal objetivo superexplorar a parcela de mulheres e rebaixar o conjunto dos salários, inclusive dos homens.
Outro objetivo do machismo alimentado pela burguesia é a divisão da classe trabalhadora. Enquanto os homens da nossa classe nos enxergarem como um pedaço de carne, para sermos consumidas, desrespeitadas, superexploradas, violentadas, agredidas, assassinadas, não lutarão ao nosso lado por direitos que nos são tão caros: salário igual para trabalho igual; direito de interromper a gravidez indesejada (aborto), direito de dignamente cuidar das filhas e filhos que decidirmos ter; direito às creches, lavanderias e restaurantes públicos gratuitos e de qualidade, que nos libertem do trabalho doméstico; direito de ir e vir sem ser violentadas e assassinadas; direito à moradia, direito à saúde e educação públicas de qualidade.
Enfim, direitos que o capitalismo nos nega cotidianamente, pois o que importa para a burguesia são os seus lucros. Direitos que são importantes não apenas para as mulheres, mas também para os homens da classe trabalhadora. Direitos que só vamos alcançar quando a Classe Trabalhadora tomar o poder político, controlar os meios de produção e for responsável pela distribuição das riquezas que hoje estão nas mãos de 1% de ricos capitalistas e seus afilhados políticos e juízes.
Mulheres trabalhadoras, não se deixem levar por estas ilusões mentirosas burguesas de “empoderamento feminino”!
A ideologia do “empoderamento” é uma política da burguesia e do reformismo do movimento operário e de massas para tentar canalizar o poder crescente das mulheres na sociedade para saídas burguesas e pequeno-burguesas individualistas e meritocráticas.
O verdadeiro empoderamento das mulheres vem da nossa integração cada vez maior como força de trabalho produtiva e da nossa participação crescente nas lutas de classes. O empoderamento que se impõe através da luta feminista de massas e da luta comum de homens e mulheres da classe trabalhadora contra a burguesia e o imperialismo machistas.
O verdadeiro poder das mulheres trabalhadoras (bem como dos homens da nossa classe) só será possível quando governarmos a sociedade. O único poder que nos interessa é o poder da Classe Trabalhadora na Sociedade Socialista, finalidade da nossa luta.
Dia 8 de março não é dia de flores, bombons, presentes e elogios demagógicos. É dia de luta da maior parcela da classe trabalhadora! É dia de denúncia da classe que nos explora, a burguesia! É dia de conquistar os homens da nossa classe para nossas bandeiras!
Homens trabalhadores! Deixem de lado o machismo que nos divide! Lutem conosco pelos direitos de nossa classe!